terça-feira, 28 de julho de 2009

Expectativas.


Começarei este post de hoje abordando coisas que podem parecer absurdamente desconexas. Mas eu sempre tento chegar aonde quero. Bom, geralmente consigo, mas como já citei aqui, pode ser que não valha à pena, pois, dependerá do que o enunciatário deseja ouvir.

Primeiramente, gostaria de falar de uma canção. Secundariamente, quereria fazer alusão a uma filosofia pessoal, razoavelmente antiga.
No entanto, antes que eu me esqueça, preciso fazer uma advertência. Advirto-o desde já sobre a minha patológica capacidade de relacionar fatos e, logo, peço desculpas antecipadas se causar no leitor chatíssimas confusões de semântica e principalmente de coesão. Provavelmente, as confusões são minhas, não suas. Logo, decididamente, a leitura exige atenção, portanto não se distraia. Não obstante, pode ser que eu me distraia caro leitor, então o advirto mais uma vez que você pode se sentir perdido aqui, ou até mesmo contrariado. E digo mais: Não se surpreenda, já disse que escrevo quase que exclusivamente para mim mesma, buscando simples – ou complexas - exteriorizações. E se me refiro a alguém como “caro leitor” é só mais uma ferramenta para facilitar meus monólogos, retóricas, oratórias existenciais, blábláblá... Terceira e última advertência: Se tudo isso o aborrece, aconselho-o afavelmente, não perca seu tempo “lendo-me”. “Por quê?” Assunto supracitado. Não estou aqui para dizer coisas bonitinhas, tampouco para falar de paixões ardentes da meninice. Não, não estou manifestando desdém quanto a estes assuntos. Respeito-os. Isso, porém, definitivamente não faz meu estilo. Gosto de discorrer sobre verdades, questões existenciais e um pouco mais. Pelo menos no momento. E se nada disso lhe soa simpático, pegue um bom livro e divirta-se!

Bom, faz algum tempo, estava lendo um bom livro - A Cabana - nele, li certas coisas que me fizeram lembrar algo que escrevi. Não por sua relação direta, mas por simplesmente eu estar naquele momento fitando a resposta para alguns de meus questionamentos. Melhor, a confirmação.
Há uma canção minha, um trecho. A relação inicial. Este trecho despertou em mim a vontade de vir aqui e tecer palavras e pensamentos que ecoam em minha mente. Então seguro todos eles numa ponta de lápis e concretizo-os. Marco no papel amarelado com a mão que tenta – inutilmente – alcançar as torrentes de pensamentos, conexões, sinapses nervosas se interligando... Eis o trecho significativo, motivador;
“Estou esperando por um suspiro, uma palavra, uma carta. Olhando para o céu, eu estou me perguntando por que eu não consigo ver as razões da vida. Então eu procuro-a em cada canção que cada livro canta para mim, todas as noites antes de eu dormir.”
Este livro foi a resposta.Ou melhor, a confirmação. Talvez tudo faça mesmo algum sentido. Talvez haja certa conexão em todas as nossas atitudes e escolhas. O que queremos e o que buscamos. Talvez acabemos encontrando.
Eu tenho uma filosofia na qual eu me recuso a acreditar em expectativas. Expectativas são paradigmas, estáticos. Relacionamentos são ações, dinâmicas. Como poderia haver relação em coisas tão distintas? Expectativa é eufemismo para “exigências”, uma dissimulação para regras gerais que limitam. Nada deveria ser baseado em expectativas, pois tudo se restringiria a um verbo destrutivo: DEVER. E creio que relacionamentos estão muito além de tais denominações. Está no interesse desinteressado. Na reciprocidade livre de poder. E de suas subseqüentes hierarquias. O relacionamento é constituído da espontânea e mútua subordinação e subserviência para com outrem. No interesse primordial de ouvir sem esperar ser ouvido. E foi nesse livro – A Cabana – que li algo genial. Algo que agora tornou-se indubitável para mim. “Os humanos tentam controlar o comportamento do outro para chegar ao resultado desejado por meio das expectativas.” E mais: “Eu conheço e sei tudo sobre você. Porque teria uma expectativa diferente daquilo que já sei? Seria idiotice. E, além do mais, como não a tenho, vocês (humanos) nunca me desapontam.”
Basear relacionamentos em expectativas é a prova do quão pouco conhecemos o outro. E da quão ilimitada é a nossa prepotência. Em querer moldar. Em vez de simplesmente aceitar. Espero que possamos nos abster do poder. Para um dia chegarmos à quintessência do respeito, da consciência dos limites daqueles que estão próximos. Que desliguemos conceitos, substantivos, como responsabilidade e dever, do significado genuíno de se relacionar com o outro, seja qual for a forma. E que sejamos, enfim, livres de modelos e padrões para construirmos nossos relacionamentos e o façamos a partir de nossos sentimentos, com espontaneidade, descobrindo sem baluartes aqueles que amamos.
Há certas verdades que você deve descobrir sozinho. Há certas corroborações que não se pergunta a ninguém. Se você quer verdadeiramente saber, elas o encontrarão de alguma forma. Perfeitas e simplistas, se você realmente entender...