sábado, 3 de outubro de 2009

Diagnósticos diferenciais para pensamentos funestos.

Sintomas;

Pensamentos lúgubres passeavam sob sua pele. Assustava, sobretudo, a lucidez do seu desespero. Ah, a impetuosidade do sangue que corre intrépido no sistema involuntário, correndo constantemente, irrigando os órgãos pútridos. E o líquido aquoso que se punha para fora dos globos oculares! O conhecido sal quente e úmido percorrendo-lhe as maçãs da face tumefata. Procurando, pois, o caminho já conhecido, beliscando o septo nasal, arriscando-se nos lábios, adentrando a boca, e fazendo-se reconhecer, enfim, nas papilas. Sua face, intumescida, evidenciava o que o seu falar lacônico não proferia, na inútil tentativa de negligenciar as palavras ocultas pelos traços duros, sustentando obstinadamente impassibilidade e rigidez. A inconveniência da face intumescida estava no esboço da torrente funesta que era silenciosamente guardada sob a pele seca, pitoresca.

Possíveis causas;
Será a condição física quimérica?Fantasmagórica? Dantesca?

Se não, serão suas circunstâncias intelectuais impregnadas de vício, não saberes, inundas por pedantismo alheio ao conhecimento?

Psicológico, talvez? Às vezes, parece tão intrínseco, inexpugnavelmente biológico.

Será essa a condição mundana de viver?

Ou a relutância de viver no mundo?


P.s.; Tal essência de pensamentos funestos traça um deliberado final trágico?