sexta-feira, 25 de março de 2011

O musgo cobriu nossos nomes...

O musgo cobriu nossos nomes
Selou nossos lábios
O passado nada mais é do que a morte
Do tempo presente
As lembranças que resgatamos,
Singelas homenagens,
Devemos abandonar no túmulo
Para libertarmos nossos corações
E termos, mais uma vez,
Esse passo leve...
Mas quando o tempo não for mais empecilho
Quando passado, presente e futuro
Se dissolverem em nossos corpos vazios
- não há morada mais confortável do que a cova -
Poderei, então, resgatar aquelas lembranças pequenas
Para (re)vivê-las na eternidade.

quarta-feira, 23 de março de 2011

A Esperança...


A Esperança é o pior veneno para os desgraçados.
O desespero, o seu único sintoma.
E o seu melhor lenitivo: O pessimismo.


terça-feira, 22 de março de 2011

A morte - sem rimas, sem métrica.



"Quão fácil é ao corpo a sepultura!
Quaisquer ondas do mar, quaisquer outeiros 
Estranhos, assi mesmo como aos nossos,
Receberão de todo o Ilustre os ossos.'' 
(Os Lusíadas, Camões; Canto V.)


Eu morri no dia do meu nascimento
Morre até hoje minha juventude
Que escoa ininterruptamente em um rio
Que deságua em um pântano de algas mortas.
O melhor travesseiro é esse de musgos,
O mais confortável cobertor, a úmida terra.
Sou esse incansável jardineiro funesto,
Que, da própria putrefação, faz nascerem flores
A mais eloqüente conversa é a de jazigo para jazigo
A mais bela poesia, o epitáfio
A mais doce partida: A morte.


segunda-feira, 21 de março de 2011

Querência.

A tua querência era voraz, veloz
A minha era serena, devagarinho
Ia te querendo
A nossa querência se tornou fogo
A tua queimou em palha
- e logo se apagou
A minha ainda queima em pólvora.
E essa querência que começou
Contigo, querendo-me,
Acaba comigo, querendo-te.
Agora tu és a manhã fria e serena
E eu sou o entardecer incendiando
Nesse funeral do dia, sem companheiro,
Que queima eternamente, sozinho.