Na correria do dia, eu mal me lembro de mim mesma, visto que me crio para os outros e não para mim... Mas à noite, antes de dormir, eu me reencontro nas várias performances desse esquizofrênico eu que criei durante o dia todo, e os reconcilio, e os apazíguo. Volto a ser esse eu que não sei quem é, esse que não foi lapidado e, por isso, rudimentar... mas é puro e genuíno. Aí me re-conheço.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Queria ser tudo...
Ah! Infeliz! Queria ser tudo e acabou sendo nem uma coisa nem outra. E por isso era só e ignorante.
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
O Tempo e o Modo de Conjulgar a vida
Era
tarde. Ia dormir. Já estava deitada quando parou pra pensar na vida e chorou.
Felicidade devia ser viver irrefletidamente. Enquanto chorava, tentou registrar
à margem da mente: Não viver nos provavelmentes. Basicamente, evitar os Subjuntivos
todos. Os “talvez”, os “se” e os “quandos”. Por exemplo, “quando esta árvore
dará frutos? Quando ela estiver na estação
certa? E se eu me livrasse das folhas secas? Talvez ela morra antes que as
flores surjam...” (e outras coisas do gênero). Era preciso evitar também as
irremediáveis mazelas do Futuro do Indicativo e os pensamentos que ele lhe
trazia: velhice e esquecimento, morte e perda.
A felicidade parecia repousar nas leves asas do Agora. Preocupar-se-ia,
portanto, apenas com o Presente do Indicativo, que requer convicção.
(The view of the sea, Renoir).
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