Era
tarde. Ia dormir. Já estava deitada quando parou pra pensar na vida e chorou.
Felicidade devia ser viver irrefletidamente. Enquanto chorava, tentou registrar
à margem da mente: Não viver nos provavelmentes. Basicamente, evitar os Subjuntivos
todos. Os “talvez”, os “se” e os “quandos”. Por exemplo, “quando esta árvore
dará frutos? Quando ela estiver na estação
certa? E se eu me livrasse das folhas secas? Talvez ela morra antes que as
flores surjam...” (e outras coisas do gênero). Era preciso evitar também as
irremediáveis mazelas do Futuro do Indicativo e os pensamentos que ele lhe
trazia: velhice e esquecimento, morte e perda.
A felicidade parecia repousar nas leves asas do Agora. Preocupar-se-ia,
portanto, apenas com o Presente do Indicativo, que requer convicção.
(The view of the sea, Renoir).
Bela narrativa literária!
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