terça-feira, 22 de março de 2011

A morte - sem rimas, sem métrica.



"Quão fácil é ao corpo a sepultura!
Quaisquer ondas do mar, quaisquer outeiros 
Estranhos, assi mesmo como aos nossos,
Receberão de todo o Ilustre os ossos.'' 
(Os Lusíadas, Camões; Canto V.)


Eu morri no dia do meu nascimento
Morre até hoje minha juventude
Que escoa ininterruptamente em um rio
Que deságua em um pântano de algas mortas.
O melhor travesseiro é esse de musgos,
O mais confortável cobertor, a úmida terra.
Sou esse incansável jardineiro funesto,
Que, da própria putrefação, faz nascerem flores
A mais eloqüente conversa é a de jazigo para jazigo
A mais bela poesia, o epitáfio
A mais doce partida: A morte.


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