sábado, 11 de abril de 2009

Desvelos, folhas, e algumas palavras, secos.

“Perdoa-me, folha seca,não posso cuidar de ti.Vim para amar neste mundo,e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores pelas areias do chão,se havia gente dormindo sobre o próprio coração?

E não pude levantá-la!Choro pelo que não fiz.E pela minha fraqueza é que sou triste e infeliz.Perdoa-me, folha seca!Meus olhos sem força estão velando e rogando àqueles que não se levantarão…Tu és a folha de outono voante pelo jardim.Deixo-te a minha saudade - a melhor parte de mim.Certa de que tudo é vão.Que tudo é menos que o vento,menos que as folhas do chão…”
(Canção do outono - Cecília Meireles).







Odeio sair por aí quebrando as coisas... Eu sou realmente desastrada... e às vezes acabo quebrando algo de valor....material ou sentimental...de outras pessoas...é totalmente frustrante, tirar algo de alguém... é frustrante quebrar suas próprias coisas porque você não pôde mantê-las “vivas” por algum tempo!... “vivas” ao seu lado. Eu realmente tenho observado o quão tempo duram certas coisas perto de mim... não tenho nada de longa data. É quase uma habilidade ver as coisas desaparecerem na minha frente. Já sequer confiam em mim por isso. Conseqüência. Não os culpo. Tentei levar essa visão para além das “coisas”... bom, não gosto de generalizar, mas percebi uma semelhança. E cheguei à conclusão de que talvez eu seja desastrada em todos os aspectos da minha vida. Pois sempre me pergunto porque eu não fiz de outra maneira. Ou se teria sido diferente se eu fosse mais cautelosa. Comedida. Eu não sei ser outra que não essa. Que se mostra desatinada. Que se reflete estouvada. Quanto tempo levará se... durará se... eu deveria... “se”, “se”... Já ri muito da minha imprudência, e já fiz outros rirem também... mas foi até eu chegar aqui e me dar conta de que cuidar faz-se necessário. Zelar por aquele que se ama. Eu sei amar, mas quiçá não saiba mantê-los. Eu prometi por canção que cuidaria. Não cumpri. Tentei? Não sei. Não durou tempo suficiente. E provavelmente nunca venha saber...



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“Cuidar” - Luana Lins

Zelar:

Fazer permanecer. Não permitir quebrar. Ou cair ao chão, ou tornar-se fugaz.

Manter:

Proferir afavelmente em uma única palavra com a qual tenha inerente todos os efeitos que tornem imperecível aquilo que se ama.

Durar:

Não deixar partir, fazendo-se desnecessária a relutância, pois aquilo que se acalenta, fica, incondicionalmente.

-- Uma interrupção--

Há uma ponta de frieza aqui. Um resquício de ironia. Uma receita. Inútil.
Não me identifico com esse sintagma.

“Zelar”.
“Manter”.
“Durar”.

São palavras férteis que se proferidas por mim, tornar-se-iam secas? Ressequidas em minha boca, em meu descontentamento. Pútrida na minha aquiescência desastrosa. Conformo-me. Emudeço.
Não culpo os outros pela dor. Foram estes pensamentos que trouxeram-me para onde estou neste momento.
Suas escolhas são unicamente responsáveis por seu sofrimento moral.
Secas jazem em minhas mãos, estas folhas, estas palavras, que digo em silêncio, intrépida, mas não as bradarei jamais.
Não tenho uma solução, tampouco cuidado, tudo o que tenho são folhas secas, paradas no chão, e talvez levadas pelo vento, mas ainda assim, seriam só palavras.




Um comentário:

  1. Ahh...esse deu uma invejinha, rs
    Queria escrever assim tbm!!
    Adorei....esse foi o q eu mais gostei, tocou fundo mesmo.
    Sabe aqueles textos que dizem o que vc precisa, como se tivessem sido feitos p vc?? Então...
    Te adoro Luh, obrigada por ter escrito esse texto

    =)

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