quinta-feira, 9 de abril de 2009

"Em que espelho ficou perdida a minha face?"





Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro,nem estes olhos tão vazios,nem o lábio amargo.Eu não tinha estas mãos sem força,tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança,tão simples, tão certa, tão fácil:Em que espelho ficou perdida a minha face? (Retrato - Cecília Meireles).




Outro dia, estava eu na aula de Redação, absorta em meus pensamentos, e a professora nos pediu para ler certa proposta de redação. Devíamos elaborar um texto de caráter descritivo, a partir da obra literária da Cecília. Digo "obra literária" porque nunca sei a diferença empírica entre poema e poesia. Sei que a linha que separa ambas é muito tênue. Dizem que poesia tem caráter do que emociona, toca a sensibilidade. Tem como função sugerir emoções por meio de uma linguagem. Já o poema sendo a obra em verso em que há intrínseca a poesia. Bom!Independentemente da "alcunha literária" dada a obras como a de Cecília, gosto de observar o efeito que cada uma delas tem sobre mim. Perceber sua intertextualidade. "O que isso me diz?" " O que leio me descreve?"... Não sou ninguém para mensurar o quão bom é um poema/poesia dos gênios da literatura, mas pessoalmente, julgo aquilo que leio, não pela sua métrica, pela ausência ou presença de rimas, pelas palavras rebuscadas etc. Eu aprecio pelo nível de identificação. Pela nitidez do meu reflexo, produzido pelo o que eu li.
Enfim!Depois de tanto procrastinar (!) digo que fiz a proposta de redação na tentativa de responder/descrever "A face perdida no espelho". Na minha perspectiva. Que não se distancia tanto ao do "Retrato", porém, escrevi tentando descobrir não onde estaria minha face perdida, mas sim, o que seria a minha face perdida no espelho.


"O lado funesto da face perdida " - Luana Lins

"Insensato, eu sempre tive este rosto,
taciturno, quase mudo.
Eu sempre escondi meus olhos,
secos e incrédulos,
que manifestavam com desdém,
certa impassibilidade.
Vislumbrava agora, os olhos que
outrora lacônicos, proferiam mais que mil palavras,
as quais recônditas, se revelariam ali.
Enquanto perdida nos meus traços patéticos,
procurava uma definição que simplificasse a minha face.
Os olhos confusos estavam relutantes...
"Será multifacetada?"
A face perdida, - ou as faces? - há de ser encontrada...
então, os olhos, agora prolixos,
desvelar-me-iam que minha face perdida,
é nada, além de minhas próprias palavras, insensatas."






p.s.: Imagem baseada n'O Fantasma da ópera'.
p.s.: Claro que fugi totalmente – tolamente - `a proposta, já que fiz o texto em versos, não em prosa.

Um comentário:

  1. Olá,
    desculpa a invasão, mas o espelho ...
    descobri que quando me olhava nele
    eu via você. é verdade, eu a vi,
    mas quando olhava você eu me via
    e de repente como um filme da vida
    pude me conhecer e reconhecer
    que na sua face também brilhava
    como em espelho a de Jesus.

    bom domingo,
    uma saudação,

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